Ser ou não ser Qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca. Se os novos partem e ficam só os velhos e se do sangue as mãos trazem a marca se os fantasmas regressam e há homens de joelhos qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca. Apodreceu o sol dentro de nós apodreceu o vento em nossos braços. Porque há sombras na sombra dos teus passos há silêncios de morte em cada voz. Ofélia-Pátria jaz branca de amor. Entre salgueiros passa flutuando. E anda Hamlet em nós por ela perguntando entre ser e não ser firmeza indecisão. Até quando? Até quando? Já de esperar se desespera. E o tempo foge e mais do que a esperança leva o puro ardor. Porque um só tempo é o nosso. E o tempo é hoje. Ah se não ser é submissão ser é revolta. Se a Dinamarca é para nós uma prisão e Elsenor se tornou a capital da dor ser é roubar à dor as próprias armas e com elas vencer estes fantasmas que andam à solta em Elsenor. Manuel Alegre